sexta-feira, 11 de junho de 2010

Catequese no cenário da Pós-Modernidade - 3


Como já falamos, apresenta-se urgente a necessidade de repensar a ação catequética da Igreja também no Brasil. Mas, para que a catequese seja repensada, três aspectos devem ser levados em conta: o fim da Cristandade, a contribuição inegável da Renovação Catequética e o novo destinatário da catequese hoje. Vamos, nessas próximas semanas, conversar sobre isso. Não perca: acompanhe os textos postados sempre na sexta-feira!

a) O fim do regime de Cristandade

O pressuposto da Cristandade, de uma sociedade inteiramente cristã de onde a fé pode seguir transmitindo-se por “osmose sociológica”( 1) – de uma pertença maciça, indiscutível e pacífica à Igreja –, falseia o trabalho evangelizador atual, inclusive o da catequese. O modelo da catequese atual, advindo da renovação catequética da primeira metade do século XX e amplamente desenvolvido no Brasil com feições próprias da realidade latino-americana (estilo fé e vida), também ainda pode ser considerado baseado na Cristandade. Apesar da ampla renovação catequética, não se supôs o interlocutor como alguém secularizado e sem raízes cristãs bem definidas. Começou-se a compreender a sociedade como algo secularizado, uma instância não mais cristã, mas partia-se do princípio de que o indivíduo permanecia cristão. O destinatário da catequese “moderna” ressurge como um sujeito eclesial com novos anseios e novos valores, mas ainda assim um sujeito eclesial, ou seja, com vínculos com a Igreja ou advindo de família com contornos cristãos. Não se pensou num sujeito ateu, desnorteado e sem Deus, paralisado diante da sociedade evolutiva, fragmentada e globalizada, que ora se apresenta. Nem mesmo se pensou um sujeito advindo de família cristã, mas apenas com maquiagem religiosa. Fato notável é a insistência desse modelo catequético na ação social, na transformação da sociedade, nos parâmetros éticos que se impõem numa comunidade evangelizada. Parte-se do pressuposto de que o sujeito de sua ação e destinatário de sua palavra apresenta-se como alguém que já, de certa forma, conhece Jesus Cristo e seu evangelho. O objetivo então seria aprofundar o compromisso com o Mestre Jesus, delineando as exigências éticas próprias do cristianismo, sem perguntar se existe a adesão primeira.

O catequeta Villepelet alerta, porém, para a nova configuração social:

Hoje já não podemos pressupor uma sintonia real entre nossos contemporâneos e o mistério cristão do amor e seu poder de renovação. A boa-nova não se encontra mais no depósito da memória viva nem anima o horizonte das expectativas dos seres humanos .

Negar essa realidade seria partir de uma premissa falsa. Ainda que todo o raciocínio seja coerente, a conclusão fica comprometida pela invalidade da premissa. Então, o que fazer?


(1) MARTÍNEZ ÁLVAREZ; GONZÁLEZ IBÁNEZ; SABORIDO CURSACH, Los nuevos caminos de la catequesis, p. 151.
VILLEPELET, D. Los desafios planteados a la catequesis francesa. Sinite, n. 141, p. 87-102, 2006. p. 89.


SOLANGE MARIA DO CARMO
DOUTORANDA EM CATEQUESE E PROFESSORA DE TEOLOGIA BÍBLICA NA PUC-BH
AUTORA DA COLEÇÃO CATEQUESE PERMANENTE DA PAULUS EDITORA COM Pe ORIONE (MATERIAL QUE ESTÁ SENDO USADO EM NOSSA DIOCESE)
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